Reverter o déficit da humanidade com o planeta passa por mudanças de atitudes de empresas e governos para reduzir significativamente a emissão de gases poluentes e a extração de recursos naturais. A Global Footprint Network estima que nos dias de hoje é preciso 1,6 planetas para dar conta do nosso consumo de recursos naturais.
Contudo, o debate ambiental ainda é visto como uma preocupação de nicho e estigmatizado mesmo entre gestores públicos, avalia Débora Gallas, doutoranda em Comunicação na Ufrgs. “A pauta ambiental é tida como supérfluo e que a preocupação primeiro tem que ser com a sustentabilidade econômica. Mas o meio ambiente está ligado com as variáveis política e econômica, não é nicho”, alerta.
Gallas integra o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental Ufrgs/CNPQ, que avalia a cobertura jornalística dessa temática. Sob essa ótica, o Dia da Sobrecarga da Terra é uma ferramenta didática para entender qual é o nosso impacto no planeta e uma oportunidade de trazer a pauta ambiental para o debate público.
Porém, a falta de abordagem crítica do tema pela imprensa gera a sensação de que não há alternativa para o rumo que a humanidade vem tomando nos últimos anos, alerta a vice-coordenadora do Grupo de Pesquisa, Eloisa Beling Loose, em artigo sobre o tema.
Nessa linha, Gallas sustenta que mesmo as pequenas ações individuais fazem diferença na nossa relação com a natureza. Contudo, para extrapolarem o “nicho”, é preciso um sistema que incentive as pessoas a tomar essas atitudes. “É papel do jornalismo publicizar as possibilidades”, conclui.
Texto de Bruna Suptitz, coluna “Pensar a Cidade”. Jornal de Comércio (Porto Alegre). Edição impressa de 26 de agosto de 2020, página 15. Link para a fonte no website do Jornal do Comércio. Divulgado com autorização.